O Cósmico Segredo das Horas Vagas

23 março, 2006

É agora!!


Inspiraste-me.
Acabei um texto que termina, finalmente, um trabalho que se prolonga há um ano.
Vou (vou mesmo!) ligar a umas amigas da "mamãe" e agradecer os presentes que enviaram à bacana que me arranhava a barriga e que agora me adoça a vida.
Amanhã o IRS 2006 vai conhecer o contabilista de sempre. VAI!
Fui fazer a ronda pelos Blogs e actualizei este!
Ok... ficou por fazer a ida ao cabeleireito, aos Maioristas e à ToysR'Us! Ficou, é verdade.
Para compensar, é hoje. Hoje escrevo sobre o meu parto!

(Horas Vagas faz a vénia, fecha os olhos e agradece os aplausos)

É hoje, ladies and gentleman. Get ready!!

Mais um... siga!



Caem que nem tordos.
Chegam depois de viagens atribuladas, de conturbadas travessias.
Rebolam pelo caminho e desembocam nas nossas vidas.
Chegou mais um.
Mais uma.
Leonor.
Deu dores, preocupações, angústias e ansiedades à mãe.
Agora só vai dar ternuras, doçuras e canduras.
Às 38 semanas.
3150g.
49 cm.
Dizem que custou a sair.
Um útero fino e um cordão à volta do pescoço.
Saiu em boa hora.
Sabe bem vê-los chegar para os esperarmos de braços abertos.

19 março, 2006

+Diz-me, diz-me, diz-me...

Há uns dias, fui dar com o tipo que mora cá em casa, com quem casei e de quem tenho uma filha, sentado no sofá com a bacana que nos adoça a vida ao colo e a dizer-lhe:
«Diz que me amas.... Diz-me... diz lá que me amas...»
Perguntei: «O que é que estás a dizer?»
«Nada. Estou a falar com ELA!»

Calei-me. Mas sorri.

+Acabou-se


Porque me constrange em todas as consultas com a atitude "you're wasting my time"...
Porque me intimida e obriga a tornar sintético o meu discurso de queixas como se tudo o que eu dissesse fosse irrelevante e a sua atenção durasse 10 segundos...
Porque me receitou um antibiótico que me recusei a aplicar para um canal lacrimal entupido que sarou com colírio e massagem em 24horas...
Porque vê verdadeiras desgraças todos os dias e torna as minhas pequenas em supérfluas (mas são as minhas e estimo-as muito e dizem respeito ao que me é mais importante que é a minha filha!!)...
Porque fala com um excesso de confiança que me inibe...
Porque me explica tudo como se eu fosse uma atrasada mental das barracas que soubesse ZERO de amamentação ou como se fosse irrelevante a minha frustração em dar mama...
Porque não conversa seriamente mas monologa, em tom de ordem, com o remate sarcástico "mas tu é que sabes"...
Porque cresci com um outro que era o oposto e que me habituou (mal?!) a bons e humanos profissionais, pacientes e adoráveis...
Porque não me apoiou, nem por um segundo, com um sincero entendimento sobre a minha angústia...
Porque me fez sair do consultório com um nó na garganta com o dircurso "amamentar faz a profilaxia do cancro da mama, imuniza a criança... previne as rinites alérgicas"...
Porque com isso me fez sentir uma megera derrotada e pouco empenhada no acto de amamentar....
Porque, por instantes, me senti uma mãe negligente...
E apesar de ser um tal XPTO da coisa,
ESTÁ DESPEDIDO... o pediatra!*

Bardamerda para o homem!


*O tipo que mora cá em casa, com quem casei e de quem tenho uma filha que me perdoe... ele gosta dele mas eu deixei de gostar.

18 março, 2006

Ainda não foi desta...


Estava decidida.
Ofereci-te ontem, como habitual, a mama. Procuraste, sôfregamente, acoplar. Abres a boquinha e vejo a tua lingua a puxar o leite. Ficas feliz. Sabia que a minha angústia ia começar dentro de minutos... e nem cinco foram necessários. Paraste. Voltaste a investir na mama, ansiosa. Sugaste, sugaste. Senti que paraste e observei, como habitualmente, um esgar de tristeza. Tem sido quase sempre assim. Quando a mama não responde às tuas necessidades e exigências páras. Franzes a testa e choras com profunda tristeza. Foi assim ontem.
Ofereci, rapidamente, a outra. De olhos fechados e boca aberta procuraste o mamilo. Sugaste com força. Fizeste estalinhos com a boca num sinal notório de uma má pega mas que pareem beijinhos. Frustrada, voltaste a chorar. Com lágrima. Ajudei-te. Ali ficaste... mais 3 minutos... para parar e chorar. Muito.
Sei, porque sinto, que lamentas aquele cheiro de mãe não te oferecer o alimento para a fome. A tua tristeza é a minha... acrescida de uma frustração e angústia sem iguais. Levei-te ao colo para a cozinha para preparar um biberon. Choravas cada vez mais tremendo a lingua leitosa. Tremo a preparar o biberon. Sempre contigo ao colo. Sabia-te tão dorida com tudo aquilo mas, apesar de tudo, não fiquei surpreendida. Há muito tempo que é assim... que mamas pouco porque pouco há. Choras muito a seguir... e rejeitas, como ontem rejeitaste, o biberon que logo após te ofereço. Sempre que te dou a mama ela não chega para ti... e sempre que tento sanar a tua fome e choro com o biberon após a mama, choras ainda mais. Procuras a forma do mamilo na tetina de silicone. Fungas pelo cheiro da minha pele no plástico. Ontem passámos hora e meia neste bailado miserável. Não bebeste nem 100ml, a custo, enganada com o ângulo do biberon a roçar o do peito... acabaste por cansar de tanto choro e adormeceste. Duas horas depois acordaste... com fome. Não pensei duas vezes. Para te consolar... a ti... e a mim, ofereci o biberon. Regalada, bebeste-o todo. Sem choro.
Basta!
Não quero isto!
Não quero compensar ou camuflar a minha incompetência leiteira à custa de um esforço que se traduz em lágrimas e angústia. Acabou!
Passou-se assim o dia...
Adormeci-a na alcofa. Durante a sessão nocturna senti a camisa a ensopar. Senti o leite a escorrer pela barriga. Fiquei tão triste, bolas. Metáfora ridícula e bacoca esta, de achar que o peito largava leite como lágrimas.
Vou dar-lhe mais um pouco.
Só um pouquinho.
Só um niquinho de anticorpos e defesas... e imunidades. Espero que não chores. São só 10ml, filha... mas têm o amor como ingrediente principal. Não chores que a mãe, depois, dá leitinho do biberon...
Caramba, que falta de coragem a minha!*


*Desculpe... Ando reincidente neste tema... mas sempre que penso que o ultrapassei as dúvidas regressam.

16 março, 2006

Difícil... muito difícil...



a tarde de ontem... particularmente complicada.
Nada de sono. Muito olho aberto. Biberon de 140ml às 20horas e a chorar por mais uma hora e meia depois... e 100ml após, mais 70ml bebidos. SOCORRO! Tenho uma lorpa em casa!
A depressão pós-parto, uma miragem para uns, uma realidade experienciada para outros, está ao alcance de mais mães do que o imaginável. Não são fracas ou depressivas. Não são más ou menos mães do que as outras.
As crianças não são todas iguais, as exigências das mesmas também não e há que desmistificar esta homogeneização que se faz do cenário pós-parto, tendo por ponto de partida as diferentes circunstâncias em que ele decorre.
Um pós-parto no Verão é totalmente diferente do que um no Inverno. Não é possível empreender grandes saídas... é necessário o dobro do cuidado com as diferenças de temperatura, com a roupa, qualquer "bolçado" é motivo de mudança de body, babygrow... yadayadayada. As próprias visitas escasseiam, porque o frio não é convidativo a sair de casa. Isto, obviamente, ignorando o facto de haver bebés que exigem mais atenção das mães e desafios bem mais complicados. Ou choram muito... ou mamam mais tempo... ou têm pouco apetite... ou dormem pouco... ou bolçam muito... uma parafernália de circunstâncias que facilitam, ou não, o tempo, a paciência e a disponibilidade de uma mulher.
Do mesmo modo, a ajuda familiar parece-me primordial. Um companheiro, marido ou "o que quer que seja" participativo e cooperante é vital. O tipo que vive cá em casa, com quem casei e de quem tenho uma filha, lava os biberons, dorme do lado da alcofa, dá leitinho... ajuda no banho, faz jantar se necessário. Mas as ocupações laborais são muitas... não consegue estar 24horas em casa... parte para Angola na próxima semana...
Felizmente para ela, infelizmente para mim, a minha mãe ainda trabalha... o meu pai idem. Vêm quando podem. E, parecendo que não, sobra muito para mim... e para muitas mulheres que, apesar do esforço e empenho, se sentem, em vertigem, a cair numa espiral de desespero.
Passa. Tudo passa. Mas, até lá, são as "passinhas do Algarve". Entender isto é, também, meio caminho andado para que as mães que passam pela fronteira de uma depressão possam entender que entrar ou sair de estados de espírito mais tenebrosos não está nas suas mãos. Para que saibam que são poucas as mulheres que não têm momentos de angústia após dar à luz... e que tudo é efémero. Até a depressão.

14 março, 2006


"COLACHUCHA"

Artigo concebido por especialistas em puericultura.
Uma forma de garantir que o seu bebé não perde a chucha durante a noite... e que você não perde noites a colocá-la na boca.
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*Vamos lá entender-nos... o Photoshop faz maravilhas nas fotografias.

13 março, 2006

+A ditadura dos Pediatras...


Foi acesa. Deu quase para uma valente troca de mimos físicos. Mas ele é pediatra, tem idade para ser meu pai e respeito-o como profissional...
Segundo o mesmo, essa história do "mama sim, mama não" (porque não tenho muito leite e porque com um espaço de 6 horas sempre dá para encher um pouco mais...), não é muito lógica, que não tinha sido o combinado. O ideal era dar-lhe 5 minutos de mama e, depois, o suplemento,. Eu tive de lhe explicar que EU ERA O SUPLEMENTO! Porque depois de 5 minutos de mama, a bacana que me arranhava a barriga e que agora me adoça a vida bebe 150ml!
Degladiámo-nos durante alguns minutos e ele decidiu rematar: «Faz como quiseres! Tu é que decides. O que me interessa é que ela engorde!»
E está a engordar. 4 kilos e 40g.
Não terminou, no entanto, sem me querer dar uma lição sobre as proezas da mama: a profilaxia ao cancro da mama, a proximidade mãe/filho, os anticorpos, a prevenção das alergias... bla, bla, bla. Como se fosse o puro caso de uma total e completa recusa a dar mama. Como se não fosse eu uma mãe empenhada, curiosa e ávida leitora sobre os benefícios da amamentação, que é algo que não está nas minhas mãos fazer. Não há, não há!
Lembrei-o que conheço tipas que nunca puseram a língua em leite materno e que são mais saudáveis do que eu, que eu cresci com leite materno e que sou asmática e sofro de rinite alérgica... que conheço mães que amamentaram os filhos e que hoje não se falam, apesar da "proximidade emocional" criada pelo laço mama/filho.
Não quero encontrar argumentos que apoiem ou justifiquem as minhas decisões ou as minhas impossibilidades... mas tudo o que me soa a fundamentalismo (o que nem foi o caso) arrepia-me. Fere-me com ataques de urticária.
Qualquer ditadura irrita-me. Até a da Mama.

09 março, 2006

+Eu decidi, está decidido...


(abraços virtuais)

Após uma conversa com a enfermeira XXL que me preparou para o parto, decidimos fazer algo... Mamada sim, mamada não, dou leitinho meu! Fico com 6 horas para encher o peito, uma vez que a lorpa da bacana que me arranhava a barriga e que agora me adoça a vida chega a beber 160ml de leite da lata... de 3 em 3 horas!!
Foi remédio santo: a tipa não chora angustiada, eu não stresso, ela não passa fominha, eu não me precipito para a depressão, ela continua a beber qualquer coisa que eu fabrico para ela, eu ganhei descontracção e confiança. Quando acabar, acabou!
E tudo vale a pena quando olho para ela, viva, boa e saudável. (a não ser que fique com varicela no pé, né repolha?)
:-)
Obrigada

08 março, 2006

+My body, my choice


Não suporto que entrem na MINHA casa, se sentem no MEU sofá e me digam, à boca cheia, quando me vêem preparar um biberon: «Não deixe de amamentar a menina! Mesmo que seja uma aguadilha, continue sempre!»
Contei até 10.
Ninguém sabe pelo que padeço. Ela nunca ficou satisfeita só com a mama. Teve sempre, para grande tristeza minha, de tomar suplemento. E nesta incansável luta por um leite que a preencha já fiz de tudo. Comi, alarvemente, bacalhau. Bebi litros de chá de funcho. Apertei o nariz e emborquei cerveja preta depois de lhe tirar o gás. Tento, a grande esforço, tirar leite com a bomba e fico prostrada com os 40 ml que nunca ultrapassei. Não suporto vê-la com cólicas ou obstipação porque o leite de lata a isso leva... Não gostaria de vê-la feliz com o meu leite? Caramba, haveria lá alguém que não ficasse mais feliz por isso do que eu?
Virem a minha casa para me dizerem que dar mama até aos 8 meses é que é o ideal... o NORMAL... de preferência até o leite acabar. E eu penso. E eu? E quando cuido de mim, do meu corpo, do meu bem-estar? E o bem-estar da minha filha é passar quase um ano agarrada à mama? Sem ingerir os sólidos, as papas, as texturas da sopa que os faz crescer mais fortes, preparados para os anos seguintes, com um estômago e intestinos fortes e habituados a uma nutrição futura?
Amamentar enquanto me sentir bem. Enquanto eu achar que vale a pena, enquanto não for um sofrimento, uma angústia que é, a todas as mamadas, estar na incerteza se desta vez ela vai ficar satisfeita ou não. Começo a achar que não. Em quase todas ela chora. Muito. E vontade não me falta a mim.
Amamentar até às "calendas gregas" é uma opção... e, acima de tudo, uma vocação. Dar-lhe mama nos primeiros meses seria o ideal... Transmitir-lhe a serenidade da proximidade do meu corpo e um alimento rico, repleto de defesas e anti-corpos, produzido por mim e necessário nos primeiros tempos. Seria a concretização de uma expectativa minha e não está a ser possível.
Não quero o último reduto... a aguadilha pobrezinha só para dizer que a amamento. Quero-a forte e alimentada... quero-me a mim feliz e de bem comigo, com o meu corpo, com a minha rotina. Presa à prática de amamentação de 3 em 3 horas quando a criança já tem dentes parece-me um absurdo.
A ligação à minha filha, a conexão emocional não está no meu mamilo e na boca dela. Está na vida. Na vida a duas que nos espera. Não sou menos mãe, não tenho menos amor por ela. É o meu incomensurável amor por ela que me faz decidir que não a quero a passar fome só para que a minha dignidade feminina fique sem mácula. Não!
Sermos mãe e filha vai muito além do acto de dar de mamar. Está no acto de amar e este não se resume a isso.
Virem a minha casa para me deixarem num estado lastimável, não, obrigada!

07 março, 2006

+Elementar, meu caro...


O mistério poderá ter sido descoberto... As noites em branco podem ter terminado.
O berço foi substituido pela alcofa.
A noite dos cansaços pela noite serena.
Aceitam-se explicações...

+As palavras que nunca vos direi...

Estranhamente, não necessitei de ser mãe para entender a minha... ou para a admirar ainda mais. Quando vislumbro verdadeiras confissões de amor e ternura às mães, em inúmeros Blogs, penso que é altura de construir uma. À minha! Penso e não saio desse enquadramento mental. Nunca o executo. Descobri porquê.
Nada do que eu possa escrever ou dizer é suficiente para traduzir o meu amor pela minha mãe. Não há palavra com grandeza e força suficientes. Ela sabe disso.

04 março, 2006

+A expressão certa


A Miriam conseguiu, sem rodeios, terminar a reportagem na Alfredo da Costa com uma expressão deliciosa... uma definição sobre o parto que me enrolou a laringe: «um momento violentamente feliz...»

+E ainda...

... uma valente nega à mama e ao biberon.
Mama: Três chupadelas e choro.
Biberon: 50 ml e choro.

Desespera ela... e eu!

02 março, 2006

+Chegámos a Março...


... e, um mês depois, a minha roupa ainda não me serve,
não durmo mais do que 5 horas por noite intervaladas
surgiu, súbita e antecipadamente, a dita menstruação
a miúda anda com borbulhas no peito
mais uma conjuntivite no olho esquerdo
não me apetece sair...
O Zoloft olha para mim.
Eu olho para o Zoloft...