O Cósmico Segredo das Horas Vagas

08 março, 2006

+My body, my choice


Não suporto que entrem na MINHA casa, se sentem no MEU sofá e me digam, à boca cheia, quando me vêem preparar um biberon: «Não deixe de amamentar a menina! Mesmo que seja uma aguadilha, continue sempre!»
Contei até 10.
Ninguém sabe pelo que padeço. Ela nunca ficou satisfeita só com a mama. Teve sempre, para grande tristeza minha, de tomar suplemento. E nesta incansável luta por um leite que a preencha já fiz de tudo. Comi, alarvemente, bacalhau. Bebi litros de chá de funcho. Apertei o nariz e emborquei cerveja preta depois de lhe tirar o gás. Tento, a grande esforço, tirar leite com a bomba e fico prostrada com os 40 ml que nunca ultrapassei. Não suporto vê-la com cólicas ou obstipação porque o leite de lata a isso leva... Não gostaria de vê-la feliz com o meu leite? Caramba, haveria lá alguém que não ficasse mais feliz por isso do que eu?
Virem a minha casa para me dizerem que dar mama até aos 8 meses é que é o ideal... o NORMAL... de preferência até o leite acabar. E eu penso. E eu? E quando cuido de mim, do meu corpo, do meu bem-estar? E o bem-estar da minha filha é passar quase um ano agarrada à mama? Sem ingerir os sólidos, as papas, as texturas da sopa que os faz crescer mais fortes, preparados para os anos seguintes, com um estômago e intestinos fortes e habituados a uma nutrição futura?
Amamentar enquanto me sentir bem. Enquanto eu achar que vale a pena, enquanto não for um sofrimento, uma angústia que é, a todas as mamadas, estar na incerteza se desta vez ela vai ficar satisfeita ou não. Começo a achar que não. Em quase todas ela chora. Muito. E vontade não me falta a mim.
Amamentar até às "calendas gregas" é uma opção... e, acima de tudo, uma vocação. Dar-lhe mama nos primeiros meses seria o ideal... Transmitir-lhe a serenidade da proximidade do meu corpo e um alimento rico, repleto de defesas e anti-corpos, produzido por mim e necessário nos primeiros tempos. Seria a concretização de uma expectativa minha e não está a ser possível.
Não quero o último reduto... a aguadilha pobrezinha só para dizer que a amamento. Quero-a forte e alimentada... quero-me a mim feliz e de bem comigo, com o meu corpo, com a minha rotina. Presa à prática de amamentação de 3 em 3 horas quando a criança já tem dentes parece-me um absurdo.
A ligação à minha filha, a conexão emocional não está no meu mamilo e na boca dela. Está na vida. Na vida a duas que nos espera. Não sou menos mãe, não tenho menos amor por ela. É o meu incomensurável amor por ela que me faz decidir que não a quero a passar fome só para que a minha dignidade feminina fique sem mácula. Não!
Sermos mãe e filha vai muito além do acto de dar de mamar. Está no acto de amar e este não se resume a isso.
Virem a minha casa para me deixarem num estado lastimável, não, obrigada!

16 Comments:

Blogger Natacha said...

Tu das-lhe um rebuçado...!!
Um rebuçado de anticorpos, carinho, intimidade e etc... Claro que era bom podermos alimentar-nos só de rebuçados...! Quem não gostava...?! Mas facto, nem sempre dá...!
Enquanto as duas estiverem de acordo e a fábrica for dando, vão partilhando esses rebuçados, que são bem bons!!

Beijinhos Moças!

2:26 da tarde

 
Blogger Repolha said...

xô xô gentinha desagradável... Bem... já sabes o que acho, né? Estou contigo e apoio cem por cento essa tua grandeza. É verdade que mama é bom, mas melhor ainda é a dona dela... E pelo amor de deus dá comida a sério à moça antes do ano LOL Vais vê-la a regalar-se. A minha que era mamo-dependente (e bem que levou com biberão e de leite artificial tb que a "mama" do pai é tão boa quanto à da mãe), quando apanhou um pedaço de pão com queijo... nunca mais a quis para nada hehehe
PS: Trabalha a segurança que já tens em grande dose; vais ver que a dada altura só aproveitas o que de bom te aconselham e borrifas-te para o resto. O nosso mal no primeiro ano é estarmos hiper inseguras (tb estaremos para o resto da vida, mas mais controladas) e deixamo-nos assim afectar por coisas que não deveriam ser importantes.
Beijinhos (com máscara protectora de vírus, está claro!!!)

3:21 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Amiga, só conhecendo-te como conheço é que poderia acreditar que esses comentários que de certeza são ditos com a melhor das intenções te podem deixar assim tão amargurada...é engraçado como a biologia e a medicina, têm destas coisas, se ás vezes defendem a mama a todo o custo outras nem por isso, viva o suplemento e leite de substituição... eu continuo a achar que as ciencias não exactas são mesmo assim, não se pode generalizar e tudo tem que ser visto caso a caso, cada pessoa tem uma realidade diferente, de certeza que essa angustia não vos faz bem...
como a minha irmã diz enquanto as duas tiverem de acordo e se sentirem bem...
beijinhos grandes linda
monhê

4:01 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Estou indignada, irritada e outras coisas terminadas em "ada" (que não encantada).

Só espero que tenhas dito à essa imbecil "Pró c......"!
Tu sabes que este nem sequer é o tipo de vocabulário que costumo utilizar fora das relações laborais (eheheh) mas, acho que neste caso se justifica plenamente.

Por falar nisso, QUEM É ESSA ATRASADA MENTAL ARMADA EM SUPER-MÃE? QUERO NOMES!

4:05 da tarde

 
Blogger AR said...

Às vezes arrependo-me de não ter começado a experimentar o biberon mais cedo... logo de início. Sempre tive muito leite mas, agora, passados quase 7 meses o Tigy é completamente viciado em mamar e falo para adormecer. Péssimos hábitos! Não aceita o biberon e eu com cada vez menos leite não o consigo alimentar bem antes de ele dormir e de manhã, antes de ir para a creche. Como vês o meu problema é ao contrário, mas também me anda a deixar stressada.
Entendo o teu desabafo... porque nisto da maternidade tudo opina, todos têm razão. Tu e eu é que somos mães dos nossos bebés. E é a tua opinião que conta.

6:50 da tarde

 
Blogger L de Luis said...

Eh pá! Relex. Oubiste? Relex un petit peux! Miga não desesperes que em breve a tua ervilha passará directa para as papinhas cérelac, bledines multi frutti, açordinhas de panito alentejano, bananinha esmagadita com suminho de laranja, caldinhos de peixe com azeite virgem... Comigo foi à grande, quais leite quais quê! O leite materno é muito importante mas não é tudo. Já devem ter experimentado outros leites concerteza.
Comigo tb foi difícil acertar num que não me provocasse mal estar. Desde cedo que ansiava pelas jolas e tinto carrascão tb ;P.

10:39 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Querida,
quanto te dizem para amamentar até tarde não quer dizer que a criança não coma outras coisas! Quer apenas dizer que, em vez de lhe dares biberon de manhã (e à noite, até ela precisar) lhe podes dar mama. O resto das refeições será o normal, as papas, as sopas, os iogurtes, a fruta, a comida de gente grande, às horas normais.
Quanto ao resto... o conselho que te dou (pela minha experiência) é que não deves desistir logo, tenta respirar fundo, relaxar, não te enervares. Pode haver fases difíceis, mas com calma tudo se resolve. Se achares que não é possível, então passa para o biberon sem sentimentos de culpa, O vosso bem estar (de ambas) é mais importante do que as bocas que as outras pessoas mandam. Se te sentires bem com essa decisão, a confiança e a calma que passas à tua filha no momento da refeição são mais importantes para ela do que todos os ingredientes e anti-corpos do leite materno.
Tenta não dramatizar (e este conselho serve para o leite e para tudo o resto).
Fiquem bem.

11:39 da manhã

 
Blogger . said...

Ai o caraças! Que mania, pá. Grrrrrr. Ainda noutro dia tive uma "discussão" com o meu marido, por causa dos palpites da mamã dele. Mandou dizer pelo telefone (ainda estava o meu filho em casa por causa da faringite e da rinite purulenta) que o bebé precisava de apanhar ar! ARRRRRR????????? Se o médico o mandou estar em casa durante uns dias...Foi mais um conselho daqueles que me fazem trepar paredes, conjuntamente com a crítica por ele ainda não beber sumo de laranja e ainda não bater palminhas.

Não percebem que a gente dá o nosso melhor? Gostam de mães- mártir e de bebés prodígio. A maternidade tem que ser uma troca feliz. ISSO SIM, ESTÁ BEM. E agora aplica-se novamente a tal brejeirice: CAGAAAAAAAAA.

12:03 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Estou disponível, minha querida sócia de quiquezas, para organizar uma vigília à porta dessa pessoa insensata, que vai a tua casa chatear-te!! Se achares que esta sugestão é demais podes sempre - numa próxima visita - adicionares-lhe um pouco (porque não BASTANTE) laxante no chá... ihihihih e depois, como disse aqui em cima a estrelinha da manhã, caga nisso! :)

1:20 da tarde

 
Blogger CC said...

Embora ainda não tenha chegado a minha vez, apesar de já estar quase, compreendo muito bem a tua situação. Também tenho a mesma opinião que tu sobre esse mesmo assunto e sei que há muita gente contra. É normal todos quererem opinar e meter a colher. Apesar de não termos muita paciência, temos que atravessar essa fase no máximo da descontracção. Se não conseguires evitar uma resposta menos polite, paciência. As pessoas também deviam mancar-se e não se mancão, né? Faz o que achares que é certo e melhor para ti e para a tua filha. Ela está linda, mas sabes que as fotos nunca são demais, por isso.... :-)

2:51 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Tenho pena dessa sra! Se seguiu à letra o conselho que te deu deve estar sempre a tropeçar nas mamas!!
Quanto à insaciabilidade da garota, que estranho ser comilona!! Tão diferente dos pais!!! Sim, que eu nunca vi a mãe mamar 3 donuts seguidos nem o pai igual número de gelados.
E ouve lá essa terapia alarve do bacalhau e da cerveja preta pode começar antes do parto?? assim numa de prevenção! É que ainda me faltam umas semanitas e abriu-se-me o apetite!!

6:51 da tarde

 
Blogger Lipa said...

Olá é a primeira vez que te visito.Parabéns pelo blog e pela filhota linda!

Eu passei exactamente o mesmo que tu...a Diana quando nasceu esteve na neonatologia e por isso foi alimentada a biberon logo e não queria pegar no peito nem por nada. Depois de muito tentar e com a ajuda de mamilos de silicone lá lhe conseguia dar alguma coisa do peito mas este era sempre...mas sempre seguido de biberon (acho que só não aconteceu umas duas vezes) porque ela não ficava satisfeita. Lá consegui dar (algum) peito até aos 2 meses altura em que deixei de ter (o pouco que tinha) passou só a biberon que sempre adorou e na verdade nunca gostou do peito verdadeiramente! Custou-me muito sobretudo pensar que não lhe teria dado as defesas que ela ia precisar para se defender de doenças e afins. Conheço bebés que foram alimentados a peito muito tempo e que têm tantas ou mais doenças que a Di e por isso sei que não é por isso que ela é mais "fraquinha".

Hoje tem 10 meses e tirando as doenças normais (apanhadas na creche) é uma bebé saudável, linda, a crecer muito bem e com bom desenvolvimento para a idade.
Não ligues a essas conversas...eu o que fazia era nem falar nisso se me perguntavam se dava peito (e agora toda a gente pergunta...que mania!) dizia que sim e pronto ninguém tem nada a ver com isso! Só a familiares e amigos falava sobre o assunto e mesmo assim por alto que há pessoas que não percebem mesmo (se não passarmos por isso achamos tudo muito fácil)
Ando há muito tempo para escrever sobre isto no blog...acho que está na hora de partilhar estas coisas ;)

Quando estiveres stressada com isto olha para a tua filhota...vê como ela está bem, como olha sorri para ti e como se sente bem com o seu leite (o da mãe e o artificial) e pensa que isso é o mais importante...o bem estar dela!

beijinhos

7:01 da tarde

 
Blogger Loira said...

Bom, já sabes que eu curto à brava amamentar e que o gajo pequeno esteja agarrado às minhas... mas só enqto for pequeno. Acho péssimo mamarem até tarde e não estou disposta a isso. Se arranjar emprego, desmamo-o nessa altura... mas, se não arranjar, desmamo-o na mesma! Mais de uma ano a amamentar nem pensar. Aliás, já escrevi uma vez sobre isso... http://omeninodamama.blogspot.com/2005/11/sobre-amamentao.html
Pretendo escrever novamente. Não deixes q te façam sentir mal... nunca! és uma excelente mãe, que não deixa a sua filha passar fome.
Vou enviar-te um mail, para combinarmos o nosso café para a semana.
bj*
Loira e Zezinho

10:00 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Amiga, pois que tinhas q ter enviado a excelentíssima senhora (não sei porque assumo q é uma mulher, talvez um felling)logo p'ro car....! Que mania de opinar sobre a vida dos outros! Se as pessoas olhassem mais para os seus próprios telhados...
O que interessa é tu e a menina estarem bem. Seja lá com que leite for!
Já olhaste bem para mim mim, certo? Gostas de mim :) não tenho má aparência ;) tenho uma saúde normal, right? Zero de leite materno!

Beijos enormes

SS

10:32 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Os benditos palpites. acreditas que já tive conselhos sobre amamentação dados por uma senhora de 50 anos que teve 4 filhos mas que não amamentou nenhum deles porque não tinha leite? é completamente descabido. Não ligues, o importante é sentires-te bem e amares a tua filha e disso ninguém dúvida. Basta passar por aqui. Beijoquitas

10:44 da tarde

 
Blogger Mim said...

Como eu te entendo...
Eu por acaso dei de mamar até aos 5 meses, exclusivamente. Mas porque fiquei em casa esse tempo todo, queria e tinha leite.
A pitoca é, e sempre foi, uma criança magra, sempre foi percentil 25 no peso e neste momento já está no 95 em altura. Mesmo a mamar não deixou de ter a 1ª gastroentrite aos 4 meses, mas que eu também justifico com o facto de ela ter feito 15 dias de ferias aos 3 meses no Algarve e depois ter ido para Espanha mais 9 dias.
Sim, sim, férias, sem praia, mas férias, porque a mãe e o pai também merecem. E até hoje nunca a deixamos para irmos para lado nenhum.
Mas compreendo-te bem. Porque será que as pessoas têm sempre tantos palpites para oferecer?
Dá vontade de dizer: Por acaso alguém perguntou alguma coisa? Quem lhe ensinou a tratar do seu filho/a?
Quem ensina os animais? E que bem eles se defendem.
Não saberemos nós também cuidar das nossas crias?

1:50 da manhã

 

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