O Cósmico Segredo das Horas Vagas

07 setembro, 2005

+Extrema Direita, Nacionalistas e Maus Jornalistas

Parecerá abrupta a alteração discursiva, mas além de estar a caminho de desempenhar o papel de mãe, visto, há mais de uma década, o fato de Jornalista. E nas incursões bloguísticas diárias encontro verdadeiras pérolas.
«São questões interessantes mas diferentes: é um erro noticiar a partir de um blogue anónimo; é um erro dar importância de notícia a uma (três?) opiniões que provavelmente não representam mais ninguém;Quanto a noticiar actividades de organizações de extrema-direita: se elas cumprirem algum critério de notícia e tiverem protagonistas identificados podem ser noticiadas. Nem que seja para dizer que são ilegais. A dimensão dessa notícia é que pode variar.»
O Jornalismo não é anti-democrático pela sua natureza e muito menos se pauta por uma Constituição traumatizada por 40 anos salazarentos. A cobertura de eventos nacionalistas ou de extrema-direita, sem que o grande público, afinal, saiba de facto o que estes movimentos são e pelo que se compõem, é tão legítima quanto as manfestações gays e lésbicas, tão censuradas e punidas pela sociedades católica portuguesa, por exemplo... Dar visibilidade ao que incomoda deveria, ser então, punido eticamente. Dar voz aos movimentos pró-aborto, tão polémicos e censurados por uma grande massa social portuguesa, poderia ser pecado, por essa bacoca ordem de ideias. Não podemos fechar os olhos ao fenómenos nacionalista e varrê-lo para debaixo do tapete porque é incómodo, porque tememos o regresso aos tempos "da antiga senhora" ou porque a comunidade africana em Portugal é vasta e forte.
Não interessa aos jornalistas evitar o ferimento de susceptibilidades raciais, culturais ou sociais. Há notícia? Noticia-se! O que tem sido ignorado ou evitado é o tratamento racional, jornalístico e consistente dos fenómenos nacionalistas! Como ninguém quer arriscar, tapa-se o olhar com "a peneira", deixando um buraco deontológico do tamanho do buraco do Ozono! Antropológica e sociologicamente é necessário, se não urgente, a análise do crescimento das associações e do recrutamento de portugueses cada vez mais jovens a ideologias de extrema direita! Informar é esclarecer! O debate social seria das medidas mais sérias e profícuas. Colocá-lo a um canto para cair no esquecimento é dos maiores erros actualmente. Não ser ético é ignorar, manifestamente, os fenómenos sociais... por mais politicamente incorrectos que eles sejam. A esquizofrenia jornalística produz-me surtos de urticária! A auto-censura é o pior jornalismo.

4 Comments:

Blogger blimunda said...

Não sei se concordo contigo Horas Vagss. Não sei muito bem se a comunicação social deveria dar mais atenção a este fenómeno. A minha sensiblidade diz-me que existem nacionalismos como existem crolismos. Por exemplo, a última vez ue a comunicação deu alguma atenção a este fenómeno teve e ver com a farsa da praia de Carcavelos, que começou por serem 500 indíduos para terminar a ser apenas uma espiga entre um grupo de veraneantes que dava o caso de serem de raça negra. Outra altura em que se ouve sempre falar nisto é nos tempos de antena e pela pouca repercussão que têm em termos votos não vejo que mereçam mais atenção do que a que têm.
mas isto sou eu para aqui a falar se calhar não tenho razão nenhuma...

5:05 da tarde

 
Blogger Horas Vagas said...

Ó, Riky, sabes melhor do que eu que essa "corja" não te é doce ao paladar! :-) Eu compreendo! Cada vez mais, sedentos de protagonismos, pivots e imagens, depreciam-se os valores jornalísticos em prol do vedetismo. São poucos os exemplos de bom jornalismo, é essa a verdade. A pedofilia foi um tema para o qual não estavamos preparados e que foi tratado de forma vergonhosa e o arrastão idem... Todavia, não discutir os assuntos e deixá-los de lado para ver se são esquecidos é a pior política! Têm tendência, tal como o bolor, a crescer se não for limpo!! Se não explicas porque os fenómenos nacionalistas estão a crescer de forma correcta, com os devidos alertas e cuidados, continuas a ter 4 mil registos por semana de jovens entre os 16 e os 20 anos, em sites e foruns de extrema-direita!! Enquanto não disseres o que são, o que fazem e porque surgem, andamos todos enganados! E não é bonito ética e deontologicamente, como bem sabes, ter um Telejornal, para não ferir susceptibilidades, a "dar a notícia" de uma manifestação nacionalista em 30 segundos e não entrevistar ninguém, não perguntar a quem de direito porquê e se são ou não legais!!! Na tentativa idiota de passar ao lado comete negligência informativa!! E ainda mais perigosa do que ignorar por completo... e contra isso me oponho!

5:24 da tarde

 
Blogger Santiagando said...

Já alguém dizia e muito bem, algo do género: Posso não concordar com o que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito a dizê-lo.

7:04 da tarde

 
Blogger Salustio said...

Acho que, nisto da jornalistice, existem (ou deviam existir de forma ideal) dois tipos de responsabilidade diferentes. Um deles é a responsabilidade que o jornalista tem (ou teria) para com o público de o informar com rigor e objectividade de acordo com um dos seus direitos fundamentais. A outra, igualmente importante, é a responsabilidade pura e simples isenta de quaisquer condicionalismos relativos ao desempenho de uma profissão, qualquer que seja. Chame-se-lhe "responsabilidade social." E até que ponto será "responsável" (neste segundo sentido) dar visibilidade a fenómenos ultraminoritários, marginais e nocivos numa sociedade em que a visibilidade mediática é essencial para lhes assegurar o desenvolvimento e a própria subsistência? E se "não interessa aos jornalistas evitar o ferimento de susceptibilidades raciais, culturais ou sociais" é porque estamos muito mal.

1:38 da tarde

 

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