O Cósmico Segredo das Horas Vagas

16 dezembro, 2005

+ Mundo e Crianças de Pernas para o Ar...


Vai ser um verdadeiro cliché... mas aqui vai disto.
Tive entre mãos uma peça especial sobre os casos de morte de menores por violência e maus tratos tornados públicos no último ano. Acharam de mau gosto a atribuição da mesma à minha pessoa, tendo em conta a proeminência abdominal que me cresce há sete meses. Tive de os recordar que um mês depois do meu regresso, após os longos 90 dias de baixa, estive com um pé no carro para uma reportagem sobre o lançamento do livro «Sete razões para o Aborto» ou coisa que o valha... Talvez tenha o benefício ou a capacidade de me separar das diversas funções de que a minha vida se ocupa. Se é no papel de jornalista que me centro é nele que existo, me foco e ali permaneço sem distrações morais ou convicções pessoais... Talvez por isso, a Indonésia seja ainda recordada como uma vaga e ténue experiência e que o cheiro nauseabundo já pouco familiar seja ao meu olfacto.
De qualquer modo, fiz a dita reportagem o melhor que soube e pude, tendo em conta as duas horas que tive disponíveis... No final, já a despir o papel informativo, deixei a minha marca com nuances, não de pré-mãe, mas de humana.
Estes pais, que abusaram, usaram e violentaram os filhos que lhes foram dados, jamais mereceram a benção que é ter um filho. Se o meu início foi conturbado, o final tem sido suave e assim esperemos que continue... mas o que me rodeia, um mar de sacos amnióticos e barrigas avantajadas, revelam das mais puras injustiças.
Em casa, a conter o risco e em total descanso e repouso, estão duas companheiras da jornada materna. São filhos desejados, muito desejados, programados, projectados e que insistem em dar dores de cabeça às mães. De cabeça para baixo, cedo demais, estão ali, coladinhos ao colo do útero, à espera de uma saída de rajada que ainda não pode acontecer. Têm todos os mimos médicos... as ecos em dia, a medicação apropriada, o acompanhamento próximo da obstetra, e o bom senso dos pais em seguir, à risca, o que manda a lei da "concepção saudável".
Outros, passam pelos 9 meses sem análises ou ecos... sem ouvir falar de toxoplasmose ou rubéola. Saltitam da Carris para a Transtejo, não passam horas nas urgências com hemorragias ou meses a progesterona para sarar os descolamentos de placenta. Não estão interessados em escolher nome, em saber o peso ou se têm ossos do nariz. Ainda não sei porque os carregam tanto tempo para, em tão pouco tempo, revelarem tão pouco afecto. Ninguém pediu para nascer... é de conhecimento do rico e do pobre o telefone das parteiras ou as Clínicas de Badajoz... Há coisas que não têm mesmo explicação.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vais ser tão boa mãe...
Aliás, já és!

Quem te deu a peça? Surreal!

Ks,

G:)Cof Cof Atchim!

3:26 da tarde

 
Blogger Caganita said...

Epá
Tens mesmo toda a razão.
As pessoas que não têm afecto por aquilo que lhes vem de dentro, não merecem nem a água que bebem.
Com toda a informação que por aí anda, com tanta possibilidade de fazer as coisas da forma correcta, para quê isto?
Para quê terem o que não lhes apetece, para depois tratarem de uma forma que nem os cães se tratam?
Ainda bem que tiveste a capacidade de ser imparcial, mesmo carregando tu já alguém que amas dentro de ti.
Bela fotografia, espero que tudo vá correr conforme previsto, e vai!!
Beijinhos
Antiga Caganita

1:40 da tarde

 
Blogger blimunda said...

A natureza é uma coisa fodida!Põe uma atrasada mental de papel passado a parir sem grande dificuldade e põe ansiosas mães a passar por não sei quantas aventuras até poderem respirar de alívio e verem os seus filhos nascer saudáveis.

7:32 da tarde

 

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